A REFLEXOLOGIA PODAL TEM SUA ORIGEM PERDIDA NO TEMPO

PRÉ-HISTÓRIA

No livro do Padre Josef Eugster e Dr. Eugene Cheng descreve que ainda na pré-história, o homem antigo dependia da caça do alimento para sobreviver. Perseguindo suas presas, e defendendo suas comunidades de invasores, com pés descalços. Invariavelmente, sem sapatos de proteção, seus pés estavam propensos a lesões, lacerações, traumas ou entorses. Porém, esses homens, instintivamente acariciariam ou trabalhariam em seus pés, para aliviarem-se da dor.¹ No entanto, não há notícias sobre o momento exato em que o homem passou a se tratar, com a Reflexologia Podal.²

ANTIGA CHINA

3000 a.C.

A maioria dos estudiosos e autores de vários livros e artigos relacionados à Reflexologia Podal, destacam a crença de que a terapia realmente é originária da China, e todos são unânimes na indicação datada de 5000 anos atrás.² No livro de Hang Xion Wen e Maria Kuabara, fala que assim como a acupuntura, a farmacologia chinesa, o Qigong, a Reflexologia Podal tem suas raízes na antiga China, resultado de um agudo espírito de observação dos sábios chineses. Nesse tempo era praticado como medicina popular, não atingindo o grau de desenvolvimento científico como a acupuntura e a farmacologia chinesa.³

EGITO

2330 a.C.

Documentos (pictogramas) encontrados no Egito, 2330 a.C, registrados no túmulo do médico Ankmahor em Saqqara, apontaram que os egípcios antigos utilizavam técnicas de massagem nos pés para recuperar a saúde das pessoas.² A imagem mostra o que parece ser uma forma de Terapia Podal sendo aplicada a dois pacientes. Na parede, ao fundo, aparecem símbolos de energia: “o pássaro branco da paz e do paraíso”, que é um símbolo de serenidade, prosperidade e boa vontade (GILLANDERS, 2008, p.13), junto a outros desenhos tais como uma ave, pirâmides, ferramentas e símbolos, hoje não identificados. Dougans e Ellis (1992) explicam que a figura indica que um dos profissionais se ocupa dos pés de um paciente e o outro das mãos. A explicação desse pictograma foi proposta pelo egípcio Mohamed Elawany que descreve:²

“As pessoas escuras, com cabelo encaracolado, à moda dos africanos, provêm do Egito superior, e são, obviamente, os terapeutas, os quais vieram do sul para tratar os habitantes do Egito inferior, que tinham pele clara e cabelos lisos. As posições dos pacientes são diferentes. O paciente da esquerda tem a mão direita sobre o joelho direito e a mão esquerda sob a axila direita. O outro paciente é o oposto. Há uma relação entre o tipo de problema que o paciente tem e o ponto onde o terapeuta toca, e isso determinam os pontos de pressão que ele e o paciente usam. Nesse caso, o paciente está tocando o ponto reflexo sob o braço, onde a dor correspondente é sentida. (DOUGANS; ELLIS,1992 p.29).”²

O profissional que se ocupa dos pés está sentado de costas para o paciente. Essa posição supostamente teria sido adotada para evitar o constrangimento de uma pessoa aproximar os pés do rosto de outra. Além disso, acreditava-se que as mãos sob a axila faziam liberar a energia do corpo durante a sessão, e que colocar uma das mãos sob a axila asseguraria seu retorno ao corpo, impedindo que ela se dissipasse. A perda de energia vital, ao que se acreditava, enfraquecia o organismo. Os pictogramas desenhados na parede também enfatizam o conceito de energia: a linha azul em ziguezague simbolizava as águas turbulentas do Nilo e, por extensão, a força vital do universo. A pirâmide que se vê acima das cabeças de cada dupla é outro símbolo de energia. (GILLANDERS; 2008).² Fonte: BYERS, C, Dwight. Better Health with Foot Reflexology. The Ingham method.Ingham Publishing, INC. Florida-U.S.A, 4 ed. 20082

ÍNDIA – HINDUÍSMO

1500 a.C.

O hinduísmo tem sua origem remontada ao ano de 1500 a.C.⁴, surgiu com os primeiros textos sagrados, os Vedas. Muitos pesquisadores, no entanto, acreditam que suas origens sejam ainda mais antigas, remontando à pré-história.⁵ Atualmente é a terceira maior religião do mundo em número de seguidores. Os hindus são politeístas (acreditam em vários deuses). Um dos principais é Vishnu (responsável pela manutenção do Universo). A própria consorte de Vishnu Supremo, a Deusa Lakshmi é sempre vista massageando os pés de lótus do Supremo.⁶

” A deusa da fortuna, embora, por natureza, muito inquieto e em movimento, não poderia sair dos pés do Supremo.”⁶

A Deusa Lakshmi, muitas vezes agitado na natureza, sob a forma de riqueza e boa sorte; os quais são ilusórios e temporários. Os mortais não podem controlar a Deusa Lakshmi, porém, muitos desperdiçam as suas vidas tentando. Como um devoto servo do Supremo, a deusa da fortuna dá sua graça apenas com as bênçãos do Supremo.⁶ Embora Lakshmi seja a Deusa da riqueza, e presida todas as faces da prosperidade, ela mostra ao mundo que servir os pés do Supremo é maior do que todos os tesouros na terra. Nos tempos atuais, que muitas vezes adoram mais a riqueza do que o Supremo. O que não percebem é que, adorando os pés do Supremo, a riqueza é obtida automaticamente.⁶

“Que loucura é que ele vá atrás de dinheiro, esquecendo os pés de lótus do Supremo, que são a fonte de toda prosperidade!”⁶

Na tradição milenar. Tocar os pés dos pais e dos sábios, como sinal de respeito aos caminhos trilhados por eles, é uma prática comum por toda a Índia. Esse respeito traz benção aos que os tocam, pois essas pessoas recebem mantras de benevolência e longa vida, além de ensinamentos. Às vezes as pessoas se deitam no chão com as mãos estendidas aos pés de quem é reverenciado.⁷

ÍNDIA – BUDISMO

528 a.C.

As pegadas de Buda são abundantes em toda a Ásia, que datam de vários períodos. O autor japonês Motoji Niwa (丹羽基二 Niwa Motoji), passou anos rastreando as pegadas em muitos países asiáticos, estima-se que ele encontrou mais de 3.000 tais pegadas, entre eles cerca de 300 no Japão e mais de 1.000 no Sri Lanka. Muitas vezes apresentam sinais distintivos, tais como um Dharmachakra no centro da sola, ou os 32, 108 ou 132 sinais auspiciosos de Buda, gravados ou pintados sobre a sola.⁸ No budismo, as pegadas de Buda apareceram inicialmente, apenas em relevos que descrevem a vida do Buda.⁹ Como o Buda passou a ser visto como um sobre-humano, fora desenvolvida a ideia de que ele tinha certos atributos físicos diferentes, dos demais seres humanos. Eventualmente, trinta e duas características principais e oitenta sub-características foram descritas para distinguir a forma física do Buda, embora diferentes textos (sutras) variem na natureza desses sinais.⁹ Alguns sites relacionados à Terapia Podal, dizem que os monges budistas praticavam algum tipo de terapia nos pés, que segundo a tradição, fora ensinada pelo Buda. Essa terapia foi conhecida como (足心 道 Sokushindo – Soku = pé ou perna, Shin = mente, coração, centro ou núcleo, Do = caminho).^10,11,12

TAILÂNDIA

século III a.C.

A Massagem Thai Yoga, foi desenvolvida na Índia no século VI a.C, no Asham de Buda e só chegou à Tailândia no século III a.C. O pai da massagem foi o médico Jivaka Kumar Bhaccha. Devido à diferença lingüística entre a Índia e a Tailândia, o doutor Jivaka Kumar Bhaccha, passou a ser chamado Dr. Shivago Komarpaj.¹³ Dr. Shivago Komarpaj, foi o responsável por trazer e ensinar técnicas de massagem e outras artes de cura para os monges e a população tailandesa.¹³ A Massagem Thai Yoga e Terapia Podal Tailandesa complementam uma a outra perfeitamente. A Massagem Thai equilibra os elementos da mente e do corpo, enquanto a Terapia Podal estimula os órgãos internos, dando ao receptor um perfeito tratamento Holístico.¹⁴

JAPÃO

século V

Da Coreia, o budismo se propagou para o Japão por volta do século V.¹⁵ Os monges budistas compartilharam os conhecimentos junto a cultura nipônica nos templos, tornando-se um padrão, estudar medicina oriental por 7 anos, antes de pôr em prática em um templo, como parte da disciplina espiritual budista.^10,11,12 Em algum momento da história do Japão, um médico bem conhecido pelo nome de Kada aperfeiçoou a técnica acrescentando óleo para a prática das técnicas de massagem nos pés. Além disso, foram acrescentadas as técnicas milenares da massagem Anmá, muito popular no Japão. Kada manteve seus ensinamentos em segredo e muitos ramos se desenvolveram a partir de seu método que passaram a ser perpetuado dentro da tradição familiar de certas famílias japonesas.^10,11,12 Atualmente no Japão, a Terapia Podal é bastante difundida e pode ser encontrado como: 足心道 Sokushindo 足裏マッサージー Ashiura massage (Ashiura=sola dos pés) リフレクソロジー Reflexology 足つぼ Ashitsubo (Ashi=pé, tsubo=ponto de tratamento)

MÉTODO

O Método que predominou no Oriente, enfatiza mais a revitalização que o relaxamento, esse método pode ser um tanto doloroso. A pressão deve ser firme e o terapeuta usa creme em vez de talco, o que permite movimentos mais rápidos, fluidos e eficientes.¹⁶

MÉTODO JAPONÊS

No entanto o método Ashitsubo, busca o estímulo ideal para cada indivíduo. O conceito de que precisa doer para ter maior resultado está ultrapassado, por outro lado estímulo muito fraco, pode não ter o resultado satisfatório.

CONCLUSÃO

Há poucos registros da trajetória da Terapia Podal no Oriente. Diálogos e palavras de Buda, foram preservados apenas na memória dos monges e seguidores. Não houveram registros escritos ou representações artísticas.⁹ Na China Antiga muitos manuscritos se perderam no decorrer do tempo, isso talvez se deva ao fato de o Imperador da nova dinastia Quin (260-210 a.C.) ter mandado queimar todos os livros antigos. Uma outra explicação para o declínio pode ter sido o aumento da popularidade da Acupuntura no meio urbano. Mas, felizmente, a população rural continuou a praticar essa técnica, precursora da Reflexologia moderna. (KUNZ, B.; KUNZ, 2008 p.11).^2,17 Conforme novas descobertas este artigo passará por atualizações, se você tem algum dado que possa colaborar, entre em contato conosco.

► E não perca o próximo artigo: TRAJETÓRIA DA TERAPIA PODAL NO OCIDENTE.

REFERÊNCIAS

1. Father Josef Eugster & Dr. Eugene Cheng, New Foot Reflexology, Taiwan: Cosmax, 2007.
2. Leila Mazlum, Prof. Graciela Mendonça Medeiros, Reflexologia: História e Atualidades.
3. Hang Xion Wen, Maria Kuabara, Reflexologia Podal, São Paulo: Ícone, 2007.
4. http://historiadomundo.uol.com.br/religioes/hinduismo.htm
5. http://www.maiscuriosidade.com.br/
6. https://divyapracharam.wordpress.com/author/divinitydivi/
7. http://gshow.globo.com/novelas/caminho-das-indias/voce-sabia/platb/2009/03/25/
8. https://en.wikipedia.org/wiki/Buddha_footprint
9. http://www.onmarkproductions.com/html/footprints-bussokuseki.html
10. http://lyndabuckingham-reflexology.co.uk/HistoricalRoutes
11. http://www.yotsumedojo.com/Yotsume%20Anma%20Dojo/sokushindo.htm
12. http://wwwterapiasorientais.blogspot.com.br/2012/11/zoku-shin-do-as-raizes-da-reflexologia.html
13. http://www.thaimassagem.com.br/
14. http://www.espaconibbana.com.br/
15. https://pt.wikipedia.org/wiki/Budismo_no_Jap%C3%A3o
16. Keet, Louise, A Bíblia da Reflexologia, Brasil: Pensamento, 2011.
17. Cosmos: A Spacetime Odyssey, T1: E5 Escondido na luz.

* Nota: As informações e sugestões contidas neste artigo têm caráter meramente informativo. Elas não substituem o aconselhamento e acompanhamentos de médicos, nutricionistas, psicólogos e outros especialistas.