Influência da Reflexologia Podal na Qualidade do Sono

por fev 19, 2017Casos Clínicos2 Comentários

ESTUDO DE CASO:
Influência da Reflexologia Podal na Qualidade do Sono

AUTOR(A)

Fatima Aparecida Vieira Machado – Farmacêutica-Bioquímica. Mestre em Ciências Farmacêuticas. Especialista em massoterapia. Docente do Curso de Estética e Cosmética da Universidade Paranaense, Unipar-Paranavaí.
Carla Maria Rodrigues – Acadêmica do Curso de Graduação em Estética e Cosmética da Universidade Paranaense, Unipar-Paranavaí.
Patrícia Amara da Silva – Acadêmica do Curso de Graduação em Estética e Cosmética da Universidade Paranaense, Unipar-Paranavaí.

CORRESPONDENTE

Fatima Aparecida Vieira Machado Endereço: Av. Huberto Bruning, n.360, Jardim Santos Dumont, Paranavaí – Paraná. CEP.: 87706-490.
E-mail: [email protected]
Recebido: 02/07/13
Aprovado: 12/03/14

RESUMO

O sono é o resultado de um mecanismo complexo, envolvendo a ação conjunta de várias áreas do sistema nervoso. O ciclo sono-vigília é essencial para restaurar as funções orgânicas. Na sociedade moderna, as atividades diárias produtoras de estresse podem levar ao desenvolvimento da insônia. A insônia é definida pela dificuldade de iniciar e ou manter o sono, presença de sono não reparador, de quantidade inadequada ou de qualidade insatisfatória, durante um período não inferior a um mês. A insônia primária está associada ao alto nível de alerta fisiológico e psicológico durante a noite e condicionamento negativo para dormir. O tratamento inclui terapias farmacológicas e não farmacológicas, entre estas, encontra-se a reflexologia podal, uma técnica de massoterapia que, através de pressões em diferentes regiões dos pés, atinge reflexamente os órgãos correspondentes, revitalizando-os e reequilibrando o organismo. O objetivo deste trabalho foi verificar os efeitos da técnica de reflexologia podal na qualidade do sono, na forma de estudo de caso, em três voluntárias que receberam entre seis a oito sessões da técnica completa, por 30 minutos, semanalmente. Foi utilizado como instrumento de avaliação o Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (IQSP) imediatamente antes e após a realização das sessões. Os resultados mostraram um efeito positivo na melhora da qualidade do sono em duas voluntárias, demonstrando que esta técnica de massagem pode ser um promissor recurso complementar à abordagem biomédica. Estudos devem ser realizados para um maior entendimento a respeito de seu mecanismo de ação e padronização dos resultados.

A qualidade do sono não está propriamente associada a horas de sono, mas à profundidade do sono, ao número de despertares noturno e, à adequada preparação do organismo para as atividades ao acordar e, ainda, à satisfação com o trabalho e, à produtividade6

Estima-se que 25-30% dos adultos possuam dificuldades para dormir ocasionalmente e cerca de 10% apresentam a insônia crônica.7

CAUSAS E IMPACTOS

Monti9 , Robaina et al10, afirmam que a insônia primária está associada ao alto nível de estresse fisiológico e psicológico durante a noite e, também, observa-se um condicionamento negativo para dormir. Preocupações intensas e mal estar relacionados à impossibilidade de dormir geram um círculo vicioso, que pode levar à cronificação do processo ocasionando distúrbios de memória e de concentração, falta de ânimo e fadiga, podendo levar a um quadro de depressão, além de problemas cardiovasculares e disfunções metabólicas.

As dificuldades econômicas, os problemas familiares, entre outros, fazem parte de eventos da vida considerados produtores de estresse que podem desencadear a insônia.9,11

A insônia reflete, além de um impacto na saúde e social, um ônus econômico muito grande, principalmente com relação à falta no trabalho e perda da produtividade, além da propensão 6,7 vezes maior de utilização dos serviços de saúde.12

TRATAMENTO

O tratamento farmacológico faz uso principalmente de substâncias psicotrópicas, os ansiolíticos e hipnóticos – sedativos, os quais apresentam potencial para abuso, dependência e efeitos adversos, além de questionamentos quanto à ação eficaz a longo prazo. 14,15,16

Entre as abordagens não farmacológicas, a terapia cognitiva-comportamental é considerada eficaz na duração e na redução dos sintomas da insônia, mas ainda necessita evidências na melhora das funções diurnas e na qualidade de vida.7

As terapias complementares também são indicadas e utilizadas, mas há poucos estudos relacionando sua prevalência e eficácia.14

Entre as terapias complementares encontra-se a reflexologia podal, que na China, é conhecida de forma documentada desde o séc. II a.C.. Baseia-se no princípio de que todos os órgãos, glândulas e estruturas ósseas do corpo, estão representados em pontos específicos dos pés. Logo, a pressão adequada nestes pontos, atingirá reflexamente os órgãos correspondentes, provocando mudanças fisiológicas no corpo, movimentando ou acelerando a capacidade natural de reequilíbrio do organismo humano em busca da homeostasia e consequentemente à correção de distúrbios físicos ou emocionais.21,22

► Conheça nesse artigo a Origem da Reflexologia Podal

MÉTODOS DE ANÁLISE

Para a coleta de dados foi utilizado o Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh – IQSP. Um questionário que se destina a avaliar as características dos padrões de sono e quantificar a qualidade do sono, sendo um instrumento com confiabilidade e validade previamente estabelecidas.24,25,26

O IQSP é composto por dez questões, algumas com subdivisões, agrupadas em sete componentes de avaliação, cada qual pontuados em uma escala de zero a três, sendo três a pior pontuação.

A avaliação dos componentes do IQSP ocorre da seguinte forma:

  1. Refere-se à qualidade subjetiva do sono, ou seja, a percepção individual a respeito da qualidade do sono;
  2. Demonstra a latência do sono, que corresponde ao tempo necessário para iniciar o sono;
  3. Avalia a duração do sono, ou seja, quanto tempo permanece dormindo;
  4. Indica a eficiência habitual do sono, obtido por meio da relação entre o número de horas dormidas e o número de horas em permanência no leito, não necessariamente dormindo;
  5. Remete aos distúrbios do sono, ou seja, a presença de situações que comprometem as horas de sono;
  6. Componente analisa o uso de medicação para dormir;
  7. Inerente à sonolência diurna e aos distúrbios durante o dia, referindo-se às alterações na disposição e entusiasmo para a execução das atividades rotineiras.

Os escores dos sete componentes são somados para a conferência da pontuação global do IQSP, a qual varia de 1-21:

Inicialmente foi aplicado o IQSP para a confirmação das alterações do sono relatadas em ficha de avaliação. Cada sessão foi acompanhada por uma ficha de evolução. Ao final do estudo foi aplicado o IQSP para a comparação dos resultados antes e após as sessões de reflexologia podal.

ATENDIMENTO E MATERIAL

Período: A coleta de dados ocorreu no período de agosto a novembro do ano de 2012.

Quantidade de sessões: oito sessões.

Tempo da sessão: duração média de 30 minutos.

Frequência de atendimento: 1x/semana, exceto no período menstrual, quando as voluntárias não receberam a técnica, por medida preventiva às possíveis alterações no fluxo menstrual.

Foram padronizadas a sequência, o tempo e a forma de manipulação dos pontos reflexos. A técnica de aplicação consistiu em estímulos através de pressão com o polegar ou as articulações dos dedos das mãos, em diferentes regiões dos pés, incluindo planta, dorso, borda interna e externa, com as voluntárias deitadas em maca, em decúbito dorsal. As duas terapeutas utilizaram os mesmos procedimentos.

Foi utilizado álcool 70º G.L. para a higienização dos pés e loção cremosa hidratante contendo óleo de amêndoas e/ou semente de uva, para facilitar o deslizamento.

PERFIL DOS VOLUNTÁRIOS

Foram selecionadas quatro voluntárias que preencheram os critérios de inclusão:

Sexo: Feminino;

Idade: entre 25 – 45 anos;

Condicionamento físico: Sedentária;

Fumante: Não;

Bebida alcoólica: Não;

Medicamentos: Sem uso de medicamentos psicotrópicos;

Gestante: Não gestante;

Condições de saúde: Saudável;

Integridade dos membros inferiores: Sem varizes ou outros problemas vasculares e sem lesões nos pés.

RESULTADOS

Para a voluntária A, 26 anos, a queixa principal era a dificuldade em iniciar o sono, de acordar várias vezes durante a noite, apresentar sonhos ruins ou pesadelos, fazer uso ocasionalmente de medicação fitoterápica para dormir, além de relatar ser muito ansiosa. Durante o dia apresentava-se sonolenta, cansada e desanimada, sentia-se como se não tivesse dormido. O escore para o IQSP inicialmente foi de quinze, indicando distúrbios do sono.

Realizou oito sessões de reflexologia podal e não relatou desconforto ao toque em nenhuma sessão.

Os benefícios observados, através da ficha de evolução, tiveram início a partir da terceira sessão onde relatou melhora na ansiedade e já conseguir dormir mais rapidamente. A partir da quinta sessão já relatou acordar menos durante a noite e sentir-se mais descansada durante o dia.

Ao final das sessões, não fazia mais uso de medicação fitoterápica para dormir. Sentia-se plenamente satisfeita com os resultados. O IQSP global foi zero, indicando boa qualidade do sono. Esta voluntária apresentou os melhores resultados à técnica.

Para a voluntária B, 40 anos, a queixa principal era de acordar várias vezes no meio da noite, para ir ao banheiro ou pelo próprio ronco, além de apresentar dores musculares principalmente na região de ombros e pernas. Durante o dia sentia dificuldade para manter-se acordada e apresentava-se com falta de ânimo e indisposição. O escore para o IQSP inicialmente foi de onze indicando distúrbios do sono.

Realizou seis sessões.

A voluntária manifestou desconforto ao toque somente na primeira sessão, sentindo dores principalmente no abdômen durante o toque nesta região reflexa dos pés.

Os benefícios observados através da ficha de evolução teve início a partir da quarta sessão onde relatou estar mantendo o sono por mais tempo, acordando menos durante a noite e apresentando menos dores no corpo, apesar de continuar a roncar.

Ao final das sessões o IQSP global foi de quatro (4), indicando qualidade boa do sono.

Para a voluntária C, 26 anos, a queixa principal era por demorar em iniciar o sono (quase duas horas), apresentar dores musculares na região cervical e ombros, sentir dificuldade para respirar e ter sensação de frio durante a noite e, além de afirmar ser ansiosa.

Apresentava-se com muita indisposição durante o dia, e pouca sonolência diurna.

O escore para o IQSP inicialmente foi de treze, indicando alterações do sono.

Realizou oito sessões. Os benefícios, observados através da ficha de evolução, teve início a partir da terceira sessão, com diminuição da ansiedade e já iniciar o sono mais rapidamente.

Chegou ao final das sessões com menos dificuldades para respirar, sem a sensação de frio e de dores no corpo.

A voluntária não relatou desconforto ao toque em nenhuma sessão.

Ao final das sessões o IQSP global foi de cinco, indicando qualidade ruim do sono, mas a voluntária declarou sentir-se satisfeita com os resultados positivos na diminuição do tempo de iniciar o sono e por não apresentar mais as dores no corpo.

Os dados de uma das voluntárias foram descartados devido à mesma ter tido problemas com os seus dois filhos, necessitando acordar à noite especificamente para atendê-los, o que tornou os dados do estudo equivocados, sendo necessário descartá-los.
Logo, no presente estudo, duas voluntárias (A e B), ou seja, 66,6% da amostra conseguiram ao final das sessões, atingir boa qualidade do sono (escore ≤ 4). A voluntária C passou de transtornos do sono para qualidade ruim do sono (escore 5).

As figuras 1,2,3 mostram os escores para cada componente do IQSP e a figura 4 mostra o escore global do IQSP para as três voluntárias.

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A ARTE JAPONESA DE REFLEXOLOGIA PODAL

 

* Nota: As informações e sugestões contidas neste artigo têm caráter meramente informativo. Elas não substituem o aconselhamento e acompanhamentos de médicos, nutricionistas, psicólogos e outros especialistas.

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